Franciscanismo no Nordeste

Francisco de Assis mais que um santo é  ideal, um espírito e um modo de ser que se mostra numa prática, sendo que as três ordens que fundou, a primeira para homens, estabelecida em 1209, com o nome de Ordem dos Frades Menores; a Segunda fundada juntamente com Santa Clara em 1212 com o nome de Ordem das Damas Pobres (Clarissas) e a Terceira Ordem fundada em 1221 com o nome de Ordem da Penitência para os leigos. Convidam para uma ação alternativa no mundo de hoje, onde haja fraternidade, ternura para com os mais pobres e harmonia para com a natureza.

Os primeiros Franciscanos vieram ao Brasil nas caravelas de Pedro Álvares Cabral, cabendo a Frei Henrique Soares de Coimbra, OFM a honra de ter celebrado a primeira missa no Brasil. A primazia de martírio também coube aos filhos de São Francisco que mais ou menos em 1515 sucumbiram sob as clavas dos Índios de Porto Seguro na Bahia. Levas e levas de missionários da mesma Ordem seráfica vinham a Terra da Santa Cruz para estabelecer os pilares do cristianismo. Até que em 1585 se cogitou de fundar a custódia Franciscana de Santo Antônio com sede em Olinda – Pernambuco, a qual a 24 de Agosto de 1657 foi elevada a categoria de Província independente da província mãe sediada em Portugal.

Os missionários Capuchinhos estão presentes no Brasil, em áreas chamadas províncias, desde 1538. Os capuchinhos tiveram destacada presença entre os indígenas, sendo os únicos permitidos a atuar entre eles, após o Diretório do Marquês de Pombal que expulsou da colônia os Jesuítas. Em 1735, os capuchinhos Anselmo di Castevetrano, Antonio di Perugia, Francesco di Gubbio, e Sebastiano di Palanza integravam a Expedição de Silva Paes na Fundação de Rio Grande.

Frades vindos do Recife pregaram missões nos vastos sertões do Nordeste brasileiro. Por onde andaram, semearam o ideal de vida franciscana, afiliando muitas pessoas de boa vontade à Ordem Terceira, criando assim uma estrutura de apoio para suas missões. Assim visitavam em missões ambulantes também lugares no Ceará como Quixeramobim, Canindé e muitos outros.

Nem todos os Terceiros Franciscanos são frutos destas andanças dos frades. Alguns já haviam entrada na Ordem  em Portugal e vieram se estabelecer como fazendeiros colonizadores primeiramente nos tabuleiros e serras e depois estendendo suas fazendas até os sertões. Para os sertões de Canindé, dois terceiros franciscanos vindos da Serra de Baturité, após construírem a igreja de Baturité, descem para suas fazendas na região do Renguengue e iniciam um processo de colonização a partir da organização religiosa, os fazendeiros Simão Barbosa Cordeiro e   Francisco Xavier de Medeiros

Os religiosos munidos do privilégio de usar altar portátil, em função da ausência de capelas, nem igreja vizinha, desobrigavam os fiéis e celebravam a Santa Missa, nas próprias casas de vivenda. Na região de Canindé atuavam, à partir de 1758 Frei Manuel de Santa Maria e São Paulo, Frei Bartolomeu dos Remédios entre 1766 e 1770 e Frei José de Santa Clara Monte Falco de 1781 a 1800. Este último foi grande incentivador da construção da Igreja de São Francisco das Chagas em Canindé.

Os frades andavam peregrinavam pelos sertões, dando assistência religiosa às populações sertanejas e vestiam o hábito terciário franciscano aos que se declarassem prontos a seguir o ideal seráfico. Uma prova que terceiros franciscanos atuavam em Canindé, é o registro de falecimento de Simão Barbosa Cordeiro, fazendeiro da Fazenda São Pedro, na região de Canindé que foi enterrado com vestes franciscanas.

A presença e a ação evangelizadora dos franciscanos estão registrados nos livros paroquiais; os livros de batizados de São José de Ribamar em Baturité, que figuraram como sacerdotes os Franciscanos Menores do Convento de Recife Frei Manoel de Santa Maria e São Paulo, OFM (1758), Frei Bartolomeu dos Remédios, OFM (1758), e de 1781 a 1800 Frei José de Santa Clara Monte Falco, OFM.

Vindo da Província Capuchinha de Milão os religiosos destinados a formarem com Frei Davi de Desenzano a primeira comunidade regular de Canindé, sendo eles  Frei Matias, sacerdote estudante e os estudantes de teologia Frei Daniel de Samarate, Frei Cirilo de Bérgamo, e Frei Abel de Brignano, cujos os professores de teologia vinham a ser Frei Davi e Frei Agostinho de Carpignano. Completava a comunidade os irmãos Frei Serafim de Pisogne e Frei João Maria de Malegno, cumprindo-se afinal o desejo dos Canindeenses apresentado em 1796 à Camara de Fortaleza.

A primeira comunidade religiosa chegava a Canindé aos 22 de setembro de 1898. Acompanhados de numerosa comitiva de cavaleiros, que os recebera, na distante estação da estrada de ferro de Itaúna(Itapiúna), fizeram os capuchinhos o trajeto até Canindé a cavalo, sendo festivamente aclamados pelo povo em peso à entrada da Cidade.

Conforme a proposta do Bispo os capuchinhos ficaram incumbidos da construção do futuro convento, até chamada de casa da caridade. O contrato feito entre o bispo e os capuchinhos incluía a administração da Igreja com todos os objetos do culto, esmolas, o convento e outros bens móveis e imóveis a constituírem o patrimônio de São Francisco. Não era fácil de executar o programa que Dom Joaquim José Vieira traçara aos Capuchinhos de Canindé. O Santuário, por sua vez, pedia a atividade constante de um padre, quer atendendo aos romeiros no confessionário e em outras funções sagradas, que tratando do serviço própriamente paroquial, como ensino catequético e administração dos sacramentos, quer na organição da paróquia e das associações religiosas.

Já não se podia imaginar a vida de Canindé sem a benéfica influência dos filhos de São Francisco, quando, em dezembro de 1921, correu a primeira notícia de uma pretensa retirada da comunidade religiosa, alegando-se como razão principal o novo encargo confiando à missão capuchinha do Maranhão pela Santa Sé. Fazia 24 anos que os capuchinhos havia iniciado o árduo apostolado em Canindé, trazendo progresso espiritual e  social. No domingo de ramos de 1923, diante da Casa de S. Francisco houve a despedida dos últimos capuchinhos que ainda se achavam em Canindé. Frei Matias o derradeiro a deixar a paróquia, como fora um dos primeiros que em 1898 haviam povoado a Casa de São Francisco, sentiu-se tão emocionado que não pode falar.

Quando da renuncia do capuchinhos Dom Manuel da Silva Gomes dirigiu-se ao provincialado franciscano de seu estado natal baiano convidando ao Superior Frei Damião Kein para assumir em Canindé o apostolado tão próprio aos filhos de São Francisco.

Os novos guardiães do Santuário nunca haviam lidado no sertão, desconhecendo pois os problemas e as dificuldades decorrentes das secas inevitáveis. As mesmas crises por que haviam passado os capuchinhos durante anos a fio, repetiam-se durante a gestão franciscana. O número dos sacerdotes de início não superava quatro, enquanto a paróquia era mais extensa do que hoje e a única montaria o cavalo ou o burro, substituída pelo jipe posteriormente. Os oito padres da comunidade franciscana canindeense do incipiente ano de 1962 que parecem fora de proporção a uma freguesia cujos limites diminuíram com vários desmembramentos, mesmo assim uma seara grande para um número pequeno.

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